terça-feira, 26 de agosto de 2008

Fanny Pak


America's Best Dance Crew acabou e infelizmente no antepenúltimo ep Fanny Pak deixou o palco da competição. Com o "walk it out" do grupo ficou um buraco que acho difícil ser preenchido na próximas temporadas.

A crew da pochete elevou o padrão da competição a um nível que não acreditava que fosse possível depois de conhecer os Jabba e os Kaba na primeira temporada. Nesta temporada, apenas a SoReal Crew conseguiu me lembrar a essência que os asiáticos do Kaba traziam em sua performance, mas foi o Fanny Pak que me ganhou já em sua primeira apresentação.

Lil'Mama se rasgava de elogios pelo grupo, Shane Sparks desde início dizia que via o grupo na final, JC elegeu suas performances como as mais artísticas e Missy, junto com os jurados, ficou de pé após ver a versão da crew para seu hit "Get Ur Freak On". Fanny Pak fez história dentro do programa, mesmo sendo eleita várias vezes como a crew menos votada.

O que a crew mostrou pra mim foi o poder da inovação. Como é de praxe, tudo que é novo causa estranheza e um dos grandes pontos para a falta de sucesso do grupo no começo do programa foi o público entender "qual era" a do grupo.

Afinal, qual é a do Fanny Pak? Qual é a de um grupo que se chama "pochete"?

Não sei, mas chuto que é apostar em um conceito em todas as dimensões. (Sem tirar o mérito das crews especializadas em outros estilos) Fanny Pak fica além da dança com estilo próprio, por não deixar a desejar em música, figurino, formações, interação, humor, performance, encenação e o que mais puderem agregar. Valores que até então tinha visto apenas nas apresentações do Jabba de forma moderada.

Em ABDC, apenas em um dos desafios o grupo se deixou levar pelos acessórios de cena e a coisa ficou um pouco perdida. De qualquer forma, juntando todas as performances podemos ver que a cabeça de Matt Cady, coreógrafo do grupo, funciona em uma rotação diferente. Tendo crews especializadas nos estilos mais conhecidos, passando pelo popping, video e breaking (sinto falta dos lockers), Matt destacou o Fanny Pak pelo seu estilo esquisito e nada comercial.





Fanny Pak trouxe um novo conceito coreográfico para os palcos, o conceito do estranho que até então no mainstream/TV limitava-se a temática e figurino de alguma coreografia/performance. O estilo coreográfico da crew da pochete acabou virando uma faca de dois gumes. Para os olhos treinados as apresentações do grupo eram um chamativo para algo novo, um treino de novas proporções e dinâmicas de movimento.


Uma verdadeira aula. Já quem não entende muito da coisa, achou tudo um tanto estranho... um misto de "wtf" com preconceito. Ainda que assim, a cada desafio o grupo foi ganhando mais atenção e perdendo o caráter artístico (ou ganhando mais) ao trabalhar em cima de hits da MTV, caindo no gosto dos espectadores. Outro fator positivo foi o poder de encenação dos bailarinos encarnando diferentes personagens a cada semana e também a capacidade de interagir com o programa, ora zoando os jurados, ora instigando a crew adversária ou tirando sarro do apresentador.

Que Fanny Pak sirva de lição para muitos como um nova referência quando o assunto for dança.
Fica a saudade!

Audição do grupo para o programa.

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